Cecília Ferreira*
Em Paraty, dia seis de junho, a lua é nova como a expectativa dos festeiros literatos e curiosos literários.
E será crescente, a partir do dia oito. Esperemos, que também as nossas alegrias assim sejam no aproveitamento de tudo o que Paraty oferece.
A cada ano a Flip escolhe um autor para homenagear. Este ano Oswald de Andrade é o selecionado para receber a cortesia.
O paulista, formado em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, e mais tarde em jornalismo literário, que regressou com influências futuristas na bagagem europeia, poderia ser conhecido como o homem dos três Is: Insurgente, Irreverente, Inovador.
O poeta, ensaísta e dramaturgo foi autor dos dois manifestos mais importantes do movimento modernista.
Ele e Mário de Andrade, estiveram à frente na criação da Semana de Arte Moderna (1922), ou Semana de 22, movimento que rompia com o passado em todas as formas artísticoestéticas.
A poesia, por exemplo, antes era apenas escrita e passou a ser declamada... Se não fosse Oswald e companheiros o que seria dos saraus de Araçatuba sem a voz de Cidinha Baracat?
Ainda bem que A Semana, como toda reação, veio a resultar de turbulências políticas, sociais, econômicas e culturais. As vanguardas de então, com suas propostas estéticas inéditas, surgiam para espantar o mundo com linguagens desprovidas de regras.
Como tudo o que é novo e desconhecido o movimento de 22 gerava medo fazendo deste, o primeiro movimento genuinamente nacional, alvo para dardos críticos. Condenada por uma parcela da sociedade e por outra simplesmente ignorada, a Semana não foi bem entendida em sua época.
Em 1924 Oswald escreveu o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, em que defende a poesia não contaminda por influências estrangeiras quaisquer. E em 28 o Manifesto Antropofágico (ou antropófago) que propunha a "Devoração cultural das técnicas importadas para reelaborá-las com autonomia, convertendo-as em produto de exportação".
Foi casado com Tarsila do Amaral, grande modernista nas artes plásticas, abandonando-a por Pagu (Patrícia Galvão) e tornando-se militante do PCB. Por último casou-se com Maria Antonieta D’Alkimin.
Oswald foi precursor do concretismo, tendo influenciado também o movimento tropicalista.
O que pensaria Oswald dos caminhos e rumos da literatura nacional, de toda essa tropicalidade efervescente de Paraty? Só o que saberemos é o que hoje acham da vanguarda de Oswald os nossos literatos de expressão.
Boa mesa de abertura a todos!
PS: Vamos dividir as suas descobertas com todos? Se você circulando pela net, ou pelas encantadoras ruelas e quebradas Paraty e acha que algo sobre a cidade, ou Flip 2011, deve ser compartilhado com o Núcleo Regional da UBE, escreva para: cici_lita@hotmail.com
Cecilia Ferreira é jornalista e escritora, membro da União Brasileira de Escritores - UBE e da Academia Araçatubense de Letras - AAL.
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