terça-feira, 5 de julho de 2011

CAMINHO DE VOLTA


Jordemo Zaneli Júnior


Recentemente os principais veículos de comunicação do Brasil, noticiaram o regresso de brasileiros que depois de anos nos Estados Unidos, fazem o caminho inverso. Ouviram muitas histórias de imigrantes que fizeram fama e riqueza por lá (estilistas, cabeleireiros, modelos, jogadores de futebol, médicos), gente que foi valorizada pelo seu talento. Partiram em busca do sonho americano. Exemplos que por muito tempo, refluíam o imaginário de jovens latinos enriquecendo seus sonhos de conquista da América.

Os Estados Unidos não foi o único destino dos brasileiros. Japão, Portugal, Espanha, Itália, Reino Unido, também estiveram na mira dos imigrantes, que viveram histórias interessantes de lutas, conquistas, glórias e decepções. Humilhações, desprezo para quem buscava um pouquinho de recompensa em troca de muito trabalho e dedicação. Não foram só os brazucas que comeram o pão que o diabo amassou, argentinos, chilenos, bolivianos, detidos em aeroportos, sem direito ao menos de ir ao banheiro, sem direito a comer e até a um mísero copo d’água. Relatos de turistas que viam autoridades agindo como verdadeiras bestas feras, com ódio estampado em seus semblantes. Brasileiros que perderam suas vidas pelo mundo afora e jamais puderam retornar à pátria para um enterro digno, principalmente na fronteira México/ Estados Unidos. Rota de narcotráfico entre os países, o local transformado nos últimos anos em um dos mais violentos do mundo. Assassinatos e chacinas são constantes na região. O exército mexicano conta com cerca de cinco mil homens que tentam debelar a violência crescente. Mas o tráfico não recua. Pelo contrário, avança fortemente com seus quase meio milhão de envolvidos direta ou indiretamente em atividades criminosas.

Tudo igual aos constantes confrontos entre policiais e traficantes nas ruas das cidades brasileiras, com o padecimento de inocentes que não conseguem escapar das balas perdidas. Nunca se sabe ao certo a procedência dos projéteis, se da polícia ou dos traficantes. A população das cidades disputadas pelos traficantes tanto do México quanto do Brasil, vivem refém da violência e do terror. Pequenos regalos da vida, como frequentar um parque, um restaurante, são privilégios dos destemidos ou dos donos do pedaço.

Até hoje a história de um jovem trabalhador brasileiro morto em uma estação de metrô em Londres comove a todos. O jovem, então com vinte e sete anos, foi baleado logo depois de embarcar no metrô, estava a caminho do trabalho. O momento era de tensão na cidade devido à ameaça de atentados suicidas comandados por grupos terroristas. Apenas quinze dias antes, quatro muçulmanos britânicos haviam agido como homens-bomba, matando cinquenta e duas pessoas e ferindo outras tantas em metrôs e ônibus em Londres.

O episódio revoltou ainda mais o povo sul-americano depois que os onze policiais britânicos, envolvidos na morte do brasileiro, não sofreram nenhuma punição. Imigrantes de outras nacionalidades residentes em Londres também fizeram diversas manifestações pela punição dos culpados. O fato ainda causou indignação pelo mundo. A defesa dos policiais alegou que os mesmos, confundiram o jovem com um homem-bomba. Houve protestos inclusive das autoridades brasileiras, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil chegou a manifestar sua inconformidade com o fato, instruindo o Consulado-Geral do Brasil em Londres a renovar a solidariedade e apoio do Governo brasileiro à família do falecido, além de manifestar às autoridades britânicas o desagrado do Governo Brasileiro com a situação.

Enfim o caminho de volta. O mundo encontrou a rota para o Brasil. Precisaremos fechar nossas fronteiras?
Jordemo Zaneli Junior é advogado e escritor, membro da União Brasileira de Escritores – UBE.

2 comentários:

  1. Antonio, muito obrigado pela ilustração, adorei, abração.

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  2. Ficou legal, não é, Jordemo?
    Obrigado você pela colaboração.

    Antonio

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